9.01.2017

era o teu olhar no meu e 
de repente era eu tão grande 
cavalos selvagens percorrem a paisagem 
cavalos selvagens pela areia em outra era, 

tua mão forte segurando a minha e nossos passos, 
o deserto era meu coração pulsando ainda...

já em suas mãos
e num dia frio 
o fogo ardendo na lareira 
a fumaça pela chaminé 
as crianças correndo e chorando 
o mundo cinza porque você se foi 

 era um outro mundo onde eu estava 
e estava lá também 

e um dia olhei de novo aqueles olhos e 
no túnel do tempo entrei 

 pude ver todos os tempos num só tempo 
no ritmo do pulsar que achei ser do meu peito,  meu corpo, meu coração...
 olhei no espelho e era você 
cabelos ao vento percorrendo a paisagem 
cavalo selvagem 

voltei ao agora e ali estava bem do meu lado
tão longe daqui 
era o filho 
era o pai 
era o homem 
era a luz e sombra...
se fez quando meu coração 
na tua mão sangrando 
ardendo 
pulsando
ainda o frio do dia 
não aquece com o fogo da lareira 
o sol se vai e leva tudo quanto me podia valer 

crianças correndo e sofrendo 
e agora ela também se foi 
 essa dor vai me consumir no tempo
essa dor vai te encontrar no tempo 

cavalos selvagens pela areia 
cavalos selvagens...